terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Prevendo tendências de negócios

Nós sempre tentamos ver o futuro, imaginar o que o nosso mundo será em 10, 20 ou 100 anos.

Em agosto de 2010, a Gartner, Inc. - que faz análises do setor industrial - publicou suas previsões para como o modo de trabalharmos irá mudar, pelos próximos 10 anos, até 2020 - e, apesar de elas poderem parecer futuristas, lembre-se: há 10 anos, você tinha um telefone móvel analógico que só podia ser usado para... telefonar! Não tinha?

Então, que mudanças a Gartner prevê?

Ambientes cada vez mais caóticos
A mensagem geral parece ser que o ambiente de trabalho será mais caótico e que as empresas precisarão estar prontas para se adaptarem a este estilo mutante, para sobreviver.

Em outras palavras, os padrões do nosso trabalho se tornarão menos rotineiros e previsíveis. A maioria dos processos serão automatizados, e os humanos estarão envolvidos apenas em "processos não-rotineiros": contribuições humanas, analíticas ou interativas incluindo "descoberta, inovação, equipe, liderança, vendas e aprendizado". O exemplo dado pela Gartner diz que apenas um humano é capaz de convencer um comprador cético; mesmo que ferramentas automáticas possam melhorar esse processo, será a interação humana que acabará convencendo alguém a adquirir algum produto.

A Gartner visualiza um futuro em que as equipes, chamadas de "enxames", serão reunidas rapidamente, com indivíduos que podem nunca ter se encontrado ou trabalhado juntos antes, em resposta a requisições específicas. Em vez das situações estruturadas a que estávamos acostumados, com um gerente e uma equipe que trabalham juntos regularmente em projetos, um "enxame" de funcionários será reunido conforme a necessidade e irá se dispersar com a mesma rapidez, assim que o projeto estiver concluído. Será crucial que as empresas consigam juntar um enxame para "atacar" um projeto e também será crucial poder circular por suas redes pessoais, profissionais e sociais (que, no fundo, serão a mesma coisa) para sobreviver.

Fora das organizações, haverá muitos grupos informais de pessoas unidas por interesses comuns, pessoas que podem afetar diretamente o sucesso ou o fracasso de uma organização. Esses grupos serão conhecidos como "coletividades". Os executivos terão que saber como identificar as pessoas-chave nessas coletividades, usá-las para reunir inteligência de mercado e explorá-las para o benefício da empresa.

Os processos de trabalho não-rotineiros serão altamente informais e não terão qualquer padrão significativo; de novo, a maioria desses processos será criado e concluído "em voo", muito espontaneamente e sem qualquer modelo ou padrão óbvio. De fato, a palavra "espontâneo" é a chave, indiscutivelmente, do relatório da Gartner, descrevendo não apenas o modo como cada equipe de trabalho (enxame) é criada, mas também como as empresas terão que continuamente procurar novas oportunidades e criar novos padrões e modelos.

Outra nova tendência interessante, de acordo com a Gartner, será um engajamento mais ativo no local de trabalho com ambientes simulados ou virtuais. As tecnologias irão determinar que materiais combinam com esses ambientes, baseado em análises de como as pessoas trabalham com o conteúdo. Manipulando ativamente os vários parâmetros, as pessoas irão interagir com os dados e remodelar o mundo virtual para o qual estão olhando.

Nesse mundo do futuro, um ambiente de trabalho, caótico, não-estruturado e inseguro, as empresas terão que estar "hiperconectadas"; isso significa que o controle e a responsabilidade gerais serão difíceis de identificar, se é que vão existir. Isso tem grandes implicações em como as pessoas trabalham, como as empresas contratam seus funcionários e na TI que suporta e melhora nosso trabalho.

O local de trabalho do futuro será, por definição, mais ou menos virtual. Se você for apenas parte de um enxame, você não terá um escritório, um gerente ou colegas de trabalho. Mesmo assim, de acordo com a Gartner, você ainda terá um "local" de trabalho - provavelmente, a sua casa - e você ficará lá 24 horas por dia, 7 dias por semana. Isso irá criar uma vida de exigências que se sobrepõem, sem uma diferenciação clara entre "vida doméstica" e "vida no trabalho", algo que ainda existe no final de 2010. Os assuntos pessoais, profissionais, sociais e familiares irão se fundir em um só. Como as pessoas vão lidar com isso?

De acordo com a Gartner: "Os que não conseguirem lidar com as 'expectativas e sobrecargas de trabalho ininterruptas' pressupostas irão sofrer déficits de desempenho, conforme essas sobrecargas forçarem os indivíduos a trabalharem em um estado superestimulado (sobrecarregados de informações)."

Mas não entre em pânico ainda - em 1975, a Business Week previu que o "escritório sem papel" seria realidade "muito em breve"...

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